MARIA BOTELHO: CONVERSAS SOBRE A ESCOLA DO PORTO

MARIA LEONOR BOTELHO: CONVERSAS SOBRE A ESCOLA DO PORTO ENTREVISTA POR RAQUEL MESQUITA E GONÇALO FURTADO / Raquel Mesquita/ Gonçalo Furtado - Quando começou e quando é que chegou ao curso de arquitetura? Maria Leonor Botelho - Sou professora associada do Departamento de ciências e técnicas do património da FLUP. Já estou a dar aulas há 11 anos e as cadeiras que eu dou são: a gestão do património, a história urbana, história da arquitetura medieval 2, estudos e práticas de património, teoria e gestão integrada do património e a metodologia de investigação em mestrado. Chego à FAUP através do contato com os colegas, pela área do património, particularmente com a professora Teresa Cunha Ferreira, já conhecia também a professora Teresa Marques. O professor Xavier Romão só de nome. E surgiu a oportunidade de trabalhar mais com a professora Teresa Cunha Ferreira, com quem já assinei alguns trabalhos e tive outro tipo de colaborações. A oportunidade de desenvolvermos uma candidatura ao programa das unidades curriculares da INOVPED da Universidade do Porto surgiu. São cadeiras de inovação pedagógica. E decidimos criar um programa para a cadeira de património e paisagem e correu bem. A primeira versão do curso começou precisamente, penso que apenas como INOVPED e já vamos na quarta ou na quinta edição. No ano 2018, organizamos o Fórum "Património e Paisagem." que foi o primeiro ano em que isto funcionou. Foi no fórum Património e Paisagem, em 2018. E o primeiro ano em que ocorreu a cadeira, foi no ano letivo foi 2018-2019, ainda na qualidade apenas de formação contínua, RM/GF- E a nível da faculdade, não sei se chegou a interagir com algumas pessoas, alunos, funcionários, mesmo a nível das instalações? MLB - Não, muito pouco, orque é residual. Vou uma vez por semana, à FAUP, e a parte da regência da docência, cabe à professora Teresa Cunha Ferreira. Em termos de instalações, temos que pensar que desde às 2018-2019 nós temos 2 anos a trabalhar em pandemia. Só este ano é que regressamos à sala de aula, na FAUP, a perceção que se tem é completamente diferente. E o espaço em termos letivos, da FAUP e da FLUP é completamente diferente. RM/GF - Qual é o tipo de conhecimentos que compunha então a matéria que a professora dava? Eu percebi que a cadeira, é dividida em partes como a prevenção, a herança, a gestão. MLB - A cadeira funciona em 2 fases, é uma unidade curricular prática, de trabalho direto com os estudantes. Em que todos nós colaboramos com a nossa área científica e, portanto, a área de especialização de onde vimos e num primeiro momento eu trabalho com um grupo que, escolhemos um caso de estudo, uma área de atuação. Essa primeira fase é o trabalho comigo, é ao nível da recolha de Fontes históricas, cartográficas, visuais sobre o espaço, que é o caso de estudo, portanto, a recolha e interpretação, para aferir valores históricos, valores da Memória da entidade. Depois, na segunda fase, acompanho mais a questão da comunicação, ou seja, como eu trabalho muito também pela gestão do património, a comunicação digital do património. Esta ideia de criar uma imagem, uma marca é comigo que trabalham. Na lógica da necessidade de chegar aos públicos, porque a visão de como se comunica o projeto ou a proposta para a comunidade local é completamente diferente de como se comunica para um stakeholder. RM - Acha que os alunos têm essa noção da sustentabilidade? MLB - Sim, cada vez mais. Eu acho que com o avançar dos anos, está cada vez mais presente a questão das diversas sustentabilidades com que nós temos que lidar, seja ambiental, seja social, seja económica. RM - E a parte de respeitar a herança e prevenir os problemas para não termos que os resolver, que também está muito implícita na vossa cadeira, já vêm com alguma noção disso? MLB - Acho que os estudantes vêm com essa sensibilidade. Não sei se noção, porque acho que muitos deles vão percebendo e inscrevem-se na cadeira, porque querem complementar essa sensibilidade com conhecimento sólido para estabelecer essa ponte entre esta necessidade de salvaguardar, e reativar os lugares, prevenindo aquilo que é possível. Trabalham mais essa sensibilidade. RM - E a professora acha que esta cadeira consegue ser um contributo para a sustentabilidade ecológica e sociológica? MLB - Não sei se esse é o objetivo principal da cadeira, acho que o objetivo acima de tudo é o desenvolvimento de um olhar mais consubstanciado, sólido e poliédrico para o património, numa perspetiva de ativação e reativação do lugar, assegurando diversas frentes. Não é só o projeto de requalificação e reabilitação de um espaço em si, como componente arquitetónica ou jóia arquitetónica, mas como é que esse projeto pode contribuir para múltiplas outras coisas É mais complexo do que pensamos

Comments

Popular posts from this blog

TRAJECTOS: PENSAMENTO EM ARQUITECTURA (NOVO LIVRO POR GONÇALO FURTADO)

Uma escola de arquitectura, a cidade do Porto e o desenho (por Gonçalo Furtado) _ Vitruvius

XAVIER ROMÃO: CONVERSAS SOBRE A ESCOLA DO PORTO